O filósofo alemão Nietzsche nos
disse que “O destino dos seres humanos é feito de momentos felizes e não de
épocas felizes.” Imagine que Deus (entenda o seu deus), tem uma barra de
chocolate para cada um de nós. O nome desse chocolate é felicidade. Antes de
lançar o chocolate para a Terra, ele o parte em muitos pedaços, e então os
lança. Vivenciamos estar feliz no momento de encontrar um pedaço desse
chocolate, e a sensação de felicidade ou falta dela, se dá em relação ao
intervalo de tempo em que os encontramos. Pensar que devemos estar felizes a
todo instante é o principal motivo da infelicidade. Não estar feliz, não
significa estar infeliz, e aprender a estar entre esses dois polos é o segredo
para a saúde mental.
Quando as
pessoas dizem aquela famosa expressão: “O dinheiro não traz felicidade”,
atualmente, eu não posso mais concordar.
Tudo ao nosso redor parece indicar que a falta dele traz infelicidade, e
não me refiro à falta para o supérfluo, mas para as “necessidades” inventadas
pela sociedade atual. Vivemos num mundo onde cada vez mais as relações
interpessoais (não todas), são permeadas por conveniências relacionadas ao
consumo. Cada vez mais o potencial econômico reflete em satisfação social,
influenciada pelos apelos midiáticos. A mídia diz que temos que comprar pedaços
de chocolate mais caros para sermos felizes. O que a gente precisa, a gente
sabe pela falta, por não estar executando, ou estar executando mal, ou de
maneira insuficiente, algum tipo de necessidade ou tarefa. O que a mídia vende,
nem sempre é o que você precisa, por isso ela vai usar artifícios que criarão
novas necessidades para a gente, estimulando nossas vontades e manipulando
nossos desejos.
A vontade e o
desejo sempre existiram, mas hoje são moldados nas nossas cabeças desde nossas
infâncias, juntando às nossas necessidades básicas, a adequação a moda, por
exemplo, como condição de integração social. Ninguém é feliz sozinho (dizem),
então teoricamente ninguém vai querer ficar fora da moda. A vida sempre teve
motivos para as pessoas serem infelizes, mas hoje em dia, as pessoas
discriminam também pela marca da sua roupa, do seu tênis, do seu perfume, dos seus
óculos, do seu “carro” (meio de transporte) e de todo o chocolate que a
sociedade diz ser mais gostoso. A lógica de criar esse mal estar na sociedade é
tornar o consumo fonte de felicidade. Se o seu deus quebrou uma barra de
chocolate para você, ele não faria isso com um chocolate mais caro do que você
possa comprar. Ao invés de ir atrás do
chocolate que a sociedade diz que é bom, deveríamos ir atrás das coisas mais
comuns que a vida inventou há muito tempo atrás; Família, amigos, uma pessoa
para chamar de meu amor (ou várias, ou uma de cada vez) e cerveja (foi
inventada há muito tempo atrás).
A sociedade
de consumo faz parte de nossas vidas e acredito que nunca mais será diferente,
ela é a locomotiva da vida moderna. A
gente só precisa entender que as coisas que a gente compra são meios para obter
momentos felizes, não são essenciais para existência deles. Existem pessoas que
tem a competência ou a sorte de poder comprar momentos felizes com dinheiro, e
estes momentos não são menos bons do que os gratuitos, mas infelizmente não são
para todos. Mas o universo psíquico é muito complexo, e mesmo uma pessoa que
possa comprar momentos felizes todos os dias, pode não ter equilíbrio psíquico,
e estar subindo e descendo constantemente entre os dois polos da felicidade. A
luta pela conquista do momento feliz equilibra a balança, além do mais, a
conquista do momento feliz pode prover um prazer inesperado e mais gratificante
do que o do comprado na prateleira.
O segredo, quem
sabe, esteja em buscar sua satisfação pessoal, sem criar parâmetros em relação
ao que parece trazer mais satisfação para os outros. Tem pessoas que gostam de
comer fígado de boi, eu não posso colocar na minha boca. Com certeza o gosto do
chocolate muda de boca em
boca. Aliás, o gosto é
o mesmo, mas a reação dentro da sua cabeça é que muda. Então eu posso garantir pra
você, que a felicidade está na maneira de sentir o gosto das coisas. Eu nunca
comi caviar, e apesar de as pessoas darem muito valor a essa iguaria,
dificilmente ela vai ser mais gostosa do que a picanha, suculenta e mal passada
que eu comi hoje no almoço. Os pedaços de chocolate têm o mesmo gosto, a
felicidade tem o mesmo gosto, querer comprar o chocolate mais caro, confunde
seu paladar, e a vida vai parecer amarga. Eu aprendi a não sentir o gosto de
acordo com o valor das coisas, eu aprendi a dar valor ao gosto das coisas de
pequeno valor.
"Então eu posso garantir pra você, que a felicidade está na maneira de sentir o gosto das coisas."
ResponderExcluirMazáá, tá te puxando, hein, Aleks. Parabéns!
Parece que vi o Nadir aqui! hahaha